Estudantes do Vitória doam cabelos para crianças em tratamento do câncer
Um grupo unido em torno de um ideal de partilha criou um ambiente de muita emoção e solidariedade na manhã de hoje (03), no Colégio Vitória, em Ilhéus. Em ação idealizada por alunos do “Terceirão” – e abraçada por professores, pais e outros estudantes – foi realizada a culminância do projeto ‘Um cabelo por um Sorriso’, para coleta e doação de mechas que serão matéria-prima de perucas para pequenos pacientes em tratamento contra o câncer, assistidos pelo Grupo de Apoio a Crianças com Câncer (GACC).
Mais de 50 mechas de cabelo foram coletadas. A ideia da aluna Iasmin Magalhães Machado, surgida durante as férias de verão, hoje se materializou em ambiente de muita emoção. Iasmin e colegas, que se preparam para o vestibular, organizaram tudo e mobilizaram a comunidade escolar.
“A gente vem trabalhando no estímulo do estudante a se perceber protagonista e a pessoa que pode possibilitar algumas transformações na sociedade”, destaca a diretora da instituição, Aninha Melo. “O que presenciamos hoje foi a coroação de um lindo trabalho”, disse, emocionada. Para ela, foi exercitado entre os jovens da escola o poder de se colocar no lugar do outro.
Antes do início das doações, no encerramento do projeto, houve contação de histórias com a educadora Ana Fragassi, que trouxe um enredo bem apropriado ao momento, com o livro ‘Por que o cabelo da princesa foi passear?’, que mostra a história de uma criança que perdeu os cabelos e todos os anos realiza um desfile de chapéus.
Depois, Iasmin, a idealizadora do projeto, foi a primeira a doar e realizou o sonho de que essa não fosse uma ação isolada, mas motivadora para muitos outros jovens. Gabriela D’Àvila, por exemplo, chorou de emoção e gratidão por poder ajudar alguém. “Isso é muito simples, gente. Desde que eu soube que iria cortar o cabelo eu não o tratei mais como meu cabelo. Ele já era de outra pessoa, de mais alguém”, disse, ainda sob o forte impacto da emoção.
A professora Adriana Galo, estagiou no GACC Sul da Bahia – instituição beneficiada pela iniciativa – quando concluiu o seu curso de psicopedagogia. “Foi muito forte presenciar crianças sem cabelo. O meu cabelo cresce de novo, o deles, no momento, ainda não”, justificou a sua participação no projeto. Segundo a professora, será inesquecível a sensação de poder estar compartilhando com o outro a moldura de um rosto, “porque através desta moldura o sorriso fica maior e a gente pode viver ainda mais feliz, pra gente e para os outros”.
“Este projeto é um exemplo de protagonismo juvenil. A mobilização foi organizada pelos jovens. É, também, uma oportunidade de desenvolvimento de habilidades socioemocionais a exemplo da empatia, diálogo, cooperação, respeito e acolhimento”, explica a coordenadora do Terceirão, Elisa Oliveira.
Responsável pelo corte dos cabelos, a profissional Neila Cristina aceitou ser voluntária da iniciativa. Em casa, ele vivenciou a importância de um gesto simples – e nobre como o de hoje. “Minha irmã passou pelo câncer de mama e sei a importância de um gesto como este para quem vive esse drama, essa realidade”, destacou. “É uma sensação diferente. Eu não estou só cortando cabelo, estou promovendo solidariedade e me emocionando, imaginando a felicidade que será do outro”, completou a cabeleireira.
Representando o GACC, esteve presente o produtor rural Virgílio Amorim. Ele explicou que o cabelo arrecadado será enviado para a ONG Laços de Família, no Rio de Janeiro, onde outros voluntários vão confeccionar as perucas. Quando finalizado o serviço, as perucas serão encaminhadas para que as psicólogas do do GACC se encarreguem de priorizar o presente àqueles que mais sentem a perda do cabelo com o tratamento contra o câncer, em especial, as meninas.
Além do engajamento da comunidade escolar, que superou todas as expectativas, o projeto ‘Um cabelo por um sorriso’ realizou diversas ações de sensibilização e mobilização, dentro e fora da escola. “Um ato de amor como este parece pequeno mas não é. Os cabelos vão fazer o bem, vão ajudar pessoas, auxiliar na cura e na retomada da autoestima de muitas crianças da nossa região”, esclarece Virgílio Amorim.